A abertura da Fábrica do Samba foi feita em grande estilo. Em evento
produzido pela LIGA-SP, a festa de lançamento do CD duplo do carnaval
paulistano de 2017 contou com a participação popular em bom número e
grandes shows protagonizados pelas agremiações. As 22 agremiações
filiadas à entidade participaram do evento, que contou com mais de oito
horas de programação ininterrupta. Com apresentações em alto nível das
agremiações, seria difícil apontar possíveis “vencedores” em uma
hipotética lista pela apresentação. Vai-Vai, Mocidade Alegre, Império de
Casa Verde, Tatuapé e Dragões da Real – no Grupo Especial – e X-9
Paulistana e Independente – no Grupo de Acesso – se destacaram com belas
apresentações. Mas no fim das contas, quem ganhou foi samba paulistano,
que agora tem um espaço de convivência e trabalho com a Fábrica e que
já na primeira noite em funcionamento, pôde presenciar uma grande festa
como pontapé inicial para esse novo momento.
Análise das apresentações:
Império de Casa Verde
A atual campeã mostrou na festa do CD que, no que depender da
organização e da vontade de comunidade da Casa Verde, vai brigar forte
pelo bicampeonato. Embalada pelo intérprete Carlos Jr, que mais uma vez
mostrou viver grande momento, a Império fez uma boa apresentação na
Fábrica do Samba. A escola apresentou grande contingente, que preencheu
todo o espaço destinado às escolas no pátio. Destaque para a utilização
de fantasias por parte de alguns segmentos da agremiação, como a Ala de
Baianas e os ritmistas da Barcelona do Samba, comandada por Mestre
Zoinho.
Acadêmicos do Tatuapé
Na apresentação do Tatuapé, o intérprete Celsinho Mody mostrou, mais uma
vez, porque tem se destacado no carnaval paulistano. Vencedor do Prêmio
Estrela do Carnaval SP 2016, promovido pelo Site
CARNAVALESCO,
em parceria com a SASP, Celsinho mostrou sua já conhecida potência
vocal e contagiou os integrantes da Azul e Branca. Uma das obras bem
elogiadas da safra 2017, o samba do Tatuapé mostrou uma evolução ainda
maior em comparação com o CD oficial (que na versão conta com as
participações de Leci Brandão e Dominguinhos do Estácio).
Mocidade Alegre
Uma apresentação condizente com as características da Mocidade Alegre.
Contando com um contingente muito grande, a Morada do Samba promoveu um
espetáculo de canto e envolvimento de sua comunidade na Fábrica do
Samba. No início da apresentação, fogos posicionados no exterior da
Fábrica animaram os presentes. Apesar da ausência de Ito Melodia, Tiganá
mostrou segurança durante toda a apresentação. No fim, um bandeirão com
o escudo da Mocidade Alegre deslizou pelo pátio da Fábrica, enquanto o
samba era entoado com muita força pelos componentes.
Vai-Vai
A
Escola do Povo mostrou porque seu samba recebeu – e ainda recebe –
elogios por sua qualidade. Com Wander Pires comandando o microfone
principal e a talentosa Grazzi Brasil fazendo, assim como no CD, a
introdução ao samba, a escola do Bixiga fez uma das melhores
apresentações da noite. Como de costume, a agremiação alvinegra levou um
grande contingente para a festa, que com o fim da apresentação, entoou à
capela o samba por mais duas passadas completas.
Unidos de Vila Maria
Outra escola que levou um bom contingente de torcedores e apoiadores à
Fábrica do Samba. Comandada por Clóvis Pê e pela bateria Cadência da
Vila, de Mestre Moleza, a escola teve um bom rendimento ao longo dos 15
minutos de apresentação. O samba, um dos mais elogiados da safra,
correspondeu às expectativas para a primeira apresentação em evento
oficial e pode evoluir mais na sequência da preparação para o desfile de
fevereiro.
Dragões da Real
A escola tricolor fez uma das melhores apresentações da noite. Primeira
entre as escolas do Grupo Especial a se apresentar, a Dragões levou
muitos componentes para a Fábrica do Samba e contou com um
inspiradíssimo Renê Sobral no microfone principal. Vencedor do Estrela
do Carnaval SP 2016, como melhor intérprete do Grupo de Acesso (na época
estava na Tom Maior), Renê mostrou muito entrosamento com os segmentos e
componentes. O cantor abriu a apresentação interpretando “Asa Branca”,
de Luiz Gonzaga, que será o tema do desfile em 2017.
Gaviões da Fiel
A
escola da Fiel Torcida fez uma boa apresentação. Antes do samba
começar, o intérprete Ernesto Teixeira aproveitou para compartilhar do
sentimento de insatisfação com a prisão de 31 torcedores que, para o
cantor, estariam presos de forma arbitrária no Rio, após uma confusão na
partida entre Flamengo x Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro de
futebol. Após o registro, e os hinos, da Gaviões e do Corinthians como
esquenta, os Gaviões mostraram que tem qualidade para buscar uma
colocação mais próxima ao desfile das campeãs, em comparação com os anos
anteriores. Ernesto Teixeira se destacou, pela já tradicional
sustentação do obra da Fiel.
Águia de Ouro
Alvo de polêmicas no período pré-carnavalesco, o samba da Águia de Ouro
teve um desempenho interessante. Comandada por Douglinhas e Fernandinho
SP, a obra mostrou crescimento em relação às versões apresentadas até a
definição da letra, bem como o CD oficial. A comunidade da Pompeia
mostrou apoio à obra e cantou muito forte durante todo o tempo de
apresentação. Embaixadora do enredo da Águia, a apresentadora Luisa Mell
esteve presente no palco e atraiu a atenção de quem acompanhava a
festa.
Nenê de Vila Matilde
Contando com uma apresentação muito segura de Agnaldo Amaral, a Nenê de
Vila Matilde fez uma boa apresentação já na manhã deste domingo. A
escola da Zona Leste, até pela distância entre o bairro e o local do
evento, não contou com um dos maiores contingentes na Fábrica, mas os
que puderam comparecer aos galpões do Bom Retiro, representaram bem a
agremiação, cantando a todo instante.
Acadêmicos do Tucuruvi
A escola foi uma das surpresas positivas da noite. Alex Soares conduziu
muito bem a obra e a comunidade, que apareceu em número considerável,
mantiveram a sustentação do canto em bom nível durante todo o tempo.
Rosas de Ouro
Encerrando as apresentações, a Roseira teve em Royce do Cavaco seu
grande destaque. De volta a agremiação após mais de 20 anos, o
experiente Royce cantou como menino, leve. A Azul e Rosa levou um bom
contingente para a Fábrica do Samba e mostrou que tem potencial para,
com alguns ajustes, brigar por posições bem melhores que o 11° lugar
conquistado em 2016.
Unidos do Peruche
A boa qualidade da obra perucheana contribuiu para um bom rendimento ao
longo da apresentação. A comunidade demonstrou facilidade com o samba,
um dos mais bem avaliados do período pré-carnavalesco. Com segurança no
canto, o intérprete Toninho Penteado se destacou no microfone principal
da agremiação.
Mancha Verde
Possivelmente com o menor contingente dentre as escolas do Grupo
Especial, a Mancha se destacou por algo que, ultimamente, tem sido o
carro-chefe dentre os segmentos da agremiação: o carro de som.
Entrosados, Fredy Vianna e Thiago de Xangô, ao lado dos cantores de
apoio, apresentaram mais um grande trabalho na condução do samba-enredo.
Destaque também para Mestre Maradona, que comandou a bateria Puro
Balanço e irá estrear na função na Mancha em 2017.
Tom Maior
Na Tom Maior, Bruno Ribas mostrou o porque não poderia ficar fora do
carnaval de 2017. O intérprete, estreante na Tom, conduziu muito bem a
obra da Vermelha e Amarela do Sumaré e promoveu com a escola um
“arrasta-pé” em forma de samba. Com a sede atual no bairro onde fica
localizada a Fábrica do Samba, a Tom Maior foi outra agremiação que
preparou um show pirotécnico no entorno do local e mexeu com o público
presente.